Operação Bacellar escancara a força do 'Estado paralelo' no Rio

As facções criminosas, traficantes e mílicias, atuam em todo o país, mas, no Rio de Janeiro, ocupam um espaço territorial especialmente amplo.


Por Míriam Leitão | O Globo

Segundo levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (GENI/UFF) e do Instituto Fogo Cruzado, cerca de quatro milhões de pessoas vivem, na Região Metropolitana do Rio, em áreas sob domínio de traficantes ou da milícia. Isso significa que mais de um terço — 34,9% — da população do Rio, da Baixada Fluminense, de Niterói e de São Gonçalo está submetida a um “Estado paralelo”, como afirmou o ministro Alexandre de Moraes. Os dados mostram um crescimento de 59% no controle territorial dessas organizações entre 2007 e 2024.

O presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, foi preso: há fortes de que teria repassado informações a um deputado com ligações com o Comando Vermelho — o TH Jóias — e participado da operação para esco — Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo/26-04-2023

A operação de ontem, que resultou na prisão de Rodrigo Bacellar, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, aponta indícios fortes de que ele teria repassado informações a um deputado com ligações com o Comando Vermelho — o TH Jóias — e participado da operação para esconder provas.

Como se não bastasse, Bacellar foi à Polícia Federal levando R$ 90 mil em espécie dentro do carro, em uma demonstração explícita de confiança na impunidade. É muito grave o que está acontecendo no Rio. E essa operação expõe, de forma cristalina, a existência desse Estado paralelo mencionado pelo ministro Alexandre de Moraes em sua decisão. Ainda que o Rio tenha um histórico profundo de convivência com o crime organizado, a operação envolvendo Bacellar escancara a profundidade dessa simbiose entre crime e política que vemos avançar pelo Brasil.

Já se sabe que a tendência é que a Alerj vote pela suspensão da prisão de Bacellar, para que ele seja liberado antes do interrogatório, do fim da investigação. É isso mesmo que a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro fará, com tudo que ela tem no passado, de falta de confiança da população em seus representantes? Essa é a pergunta que fica no dia de hoje no Rio de Janeiro.

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