BRB, Banco Master e Flávio Bolsonaro: o triângulo que ruiu

A teia envolvendo o Banco de Brasília (BRB), o Banco Master e Flávio Bolsonaro deixou de ser apenas um acúmulo de coincidências para se tornar um retrato cristalino de como os caminhos do poder político e financeiro se cruzam no Brasil e, principalmente, de como esse arranjo desabou nos últimos dias. 


Roberta Bastos

Tudo começa com a relação do BRB com Flávio Bolsonaro. 


O senador obteve no banco um financiamento de cerca de R$ 3,1 milhões para comprar uma mansão de quase R$ 6 milhões no Lago Sul, operação que levou o Ministério Público do Distrito Federal a abrir investigação sobre possível favorecimento. 

Enquanto isso, o BRB avançava com uma operação bilionária, a compra de 58% do Banco Master, parte de uma estratégia de expansão agressiva para transformar o banco brasiliense em um player nacional. 

Foi justamente essa compra que se tornou o elo crítico entre as histórias. 

Nos bastidores, o Banco Master já era alvo de desconfiança por operações arriscadas. 

Mas o que estava sob suspeita virou fato quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Compliance Zero, o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, foi preso sob acusações de fraude, emissão de títulos sem lastro e organização criminosa. 

Logo depois, veio o efeito dominó, a Justiça Federal afastou o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, justamente porque a compra do Banco Master pelo BRB entrou no foco de irregularidades entre eles, a suspeita de que o BRB teria comprado carteiras de crédito fraudulentas ou insubsistentes do Master. 

A situação escalou, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, uma medida extrema que só ocorre quando há risco sistêmico ou fraude estrutural. 

Assim, as três pontas se conectam: 
  • Flávio Bolsonaro, beneficiário de um empréstimo milionário do BRB que já estava sob suspeita de favorecimento. 
  • BRB, banco público do Distrito Federal, envolvido tanto no financiamento ao senador quanto numa compra bilionária que agora está sob investigação. 
  • Banco Master, vendido ao BRB enquanto seu controlador operava esquemas irregulares que agora resultaram em prisão e na liquidação da instituição. 

O que parecia, à primeira vista, apenas um negócio ousado de expansão, revelou-se parte de uma cadeia maior, um banco público concedendo crédito privilegiado a um político influente, ao mesmo tempo em que comprava um banco privado que hoje é alvo da maior operação policial do setor financeiro recente. 

A prisão do dono do Master e o afastamento do presidente do BRB não são eventos isolados. 

São peças de um mesmo tabuleiro que, juntas, mostram que o sistema montado ao redor dessas relações não era apenas arriscado, ele era estruturalmente podre. 

E, como sempre no Brasil, onde há fumaça no mundo financeiro, há política soprando o vento.

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