TCU alerta que renúncias fiscais são ilegais com déficit em contas públicas

Presidente do Tribunal, Vital do Rêgo, diz ainda que governo terá de mirar centro da meta fiscal em 2026


Da CNN Brasil, São Paulo

O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, afirmou em entrevista ao CNN Money que a aprovação de benefícios fiscais é ilegal, caso o governo registre déficit nas contas públicas.

Presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo Filho • Reprodução CNN

O ministro citou uma lei complementar que proíbe qualquer medida que conceda, amplie ou prorrogue incentivos e benefícios tributários quando o governo fecha o ano com o caixa no vermelho. Para 2026, a previsão é de que o país deixe de arrecadar R$ 800 bilhões em isenções fiscais — quase 6% do PIB brasileiro.

“Essa renúncia vai levar o Brasil a um desequilíbrio muito grande e não vai deixar nenhum recurso para as políticas públicas que o governo, de forma correta, as faz”, afirmou Vital do Rêgo.

O ministro também destacou que o governo federal deverá mirar o centro da meta de resultado primário em 2026, que prevê superávit de 0,25% do PIB.

Em setembro, por unanimidade, o Tribunal de Contas emitiu um alerta de que o governo deve seguir o centro da meta já neste ano, o que pode levar a um congelamento de R$ 31 bilhões do orçamento.

Na semana passada, o ministro Benjamin Zymler aceitou um recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) e permitiu, de forma monocrática, que o governo siga o piso da meta em 2025. Nesta quarta-feira (22), em complemento à decisão, Zymler reforçou que a exceção vale apenas para este ano e que, a partir de 2026, o esforço fiscal terá de ser maior.

“Temos a compreensão de que é um erro não seguir o centro da meta. Ou o Congresso muda a lei complementar 200 — e, por conseguinte a LDO — e passamos a cumprir o piso; ou, da forma como está escrito, o centro da meta é zero, é o zero a zero, que é a lei do arcabouço fiscal, a lei complementar”, disse Vital do Rêgo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirma que equilíbrio fiscal exige esforço conjunto do Congresso. Após derrotas do governo em votações sobre medidas arrecadatórias, o presidente da Câmara, Hugo Motta, disse que a Casa votará um corte de gastos na próxima semana e demonstrou disposição para revisar benefícios fiscais — sem, no entanto, definir prazos. “O governo está decidindo o veículo que vai usar para repor o que foi perdido lá na MP 1303. O governo deve apresentar até semana que vem uma saída. Queremos também avançar nesta pauta com o corte linear das isenções tributárias”, afirmou Motta.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para suas escolhas políticas

0/Post a Comment/Comments

Grato por sua colaboração.