Deputado é condenado por desviar remédios do SUS para gado de sua fazenda

A medicação desviada tinha venda proibida e deveria ser usada exclusivamente em pacientes do hospital, que era administrado por ele


Alessandra Mello | Estado de Minas

O deputado federal Rafael Simões (União Brasil) foi condenado a dois anos e oito meses de prisão por desvio de medicamentos e insumos para uso nos bois de sua fazenda. Os materiais foram desviados do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre, no Sul de Minas.

Deputado federal Rafael Simões foi condenado por desviar medicamentos do SUS para gado de sua fazenda | Reprodução/Redes Sociais

Ex-prefeito de Pouso Alegre, Simões já tinha sido condenado pelo mesmo motivo, em 2021, a dez anos de prisão, pena reduzida no julgamento em segunda instância, realizado no último dia 30 pela Justiça Federal, que confirmou a condenação.

As irregularidades teriam ocorrido no período em que Simões foi presidente da Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS), entre 2013 e 2016, instituição mantenedora do Hospital Samuel Libânio.

A ação foi movida em 2018 pelo Ministério Público Federal (MPF), devido ao fato de a instituição de saúde ser mantida majoritariamente com recursos do Governo Federal.

A medicação desviada tinha venda proibida e deveria ser usada exclusivamente em pacientes da instituição.

Inicialmente, o deputado foi inocentado pela juíza da 1ª Vara Cível e Criminal da Justiça Federal de Pouso Alegre, Tânia Zucchi de Moraes, em 2020. No entanto, o MPF recorreu e ele foi condenado a dez anos em novo julgamento realizado no mesmo ano.

Na denúncia, o MPF afirma que Rafael Simões simulava atendimentos em que ele mesmo aparecia como paciente para desviar antibiótico de uso hospitalar e veterinário, seringas e soros para aplicação no gado de sua propriedade particular.

Procurado, o deputado, por meio de sua assessoria, enviou um vídeo onde se defende das acusações, alegando ser vítima de “perseguição”.

“Isso é uma perseguição política, mas seguirei firme. Serei candidato a deputado federal em 2026 e não abandonarei minha luta pela saúde, agricultura e instituições filantrópicas”. Em sua defesa, o deputado argumentou ainda, no mesmo vídeo, que pagou pelos medicamentos com cheque nominal e que uma nota fiscal da compra foi emitida pelo hospital, que teve lucro de 30% no negócio.

Questionado sobre o uso dos medicamentos no gado, o deputado, por meio de sua assessoria, não se manifestou.

Ainda cabe recurso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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