Parlamentar é procurado pela PF e sua mulher e filho foram presos; investigação aponta crimes de agiotagem, extorsão e receptação qualificada, além da exploração do jogo do bicho
Por O Globo — Rio de Janeiro
A Polícia Federal deflagrou a operação Estado Anômico, nesta quarta-feira, contra uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro, agiotagem e extorsão na Bahia. Entre os suspeitos, está o deputado estadual Kléber Cristian Escolano de Almeida, o Binho Galinha (PRD), que ainda é procurado pelos agentes. Oito pessoas já foram presas, incluindo a mulher do parlamentar, Mayana Cerqueira da Silva, e o filho dele, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, além de quatro policiais militares. Ao todo, estão sendo cumpridos 10 mandados de prisão preventiva e 18 de busca e apreensão nas cidades de Feira de Santana e Salvador.
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| Deputado estadual na Bahia, Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha — Foto: Reprodução |
De acordo com a PF, as investigações apontam "para a prática reiterada de múltiplas infrações penais graves" de uma "estruturada e sofisticada organização criminosa", especializada na lavagem de dinheiro oriundo do jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada. A pena para os crimes investigados pode ultrapassar 50 anos de prisão.
Quem é Binho Galinha?
O parlamentar Binho Galinha foi denunciado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) em fevereiro deste ano. Ele é apontado como o líder de uma organização criminosa que atua em Feira de Santana há mais de uma década.Em dezembro de 2023, ele já havia sido alvo de um mandado de busca e apreensão. À época, a PF informou que "o chefe da organização atualmente é detentor de foro por prerrogativa de função e, com isso, faz-se necessário esclarecer que, desde 2018, o Supremo Tribunal Federal vem entendendo que parlamentares serão processados e julgados pela justiça de primeiro grau em caso cometimento de crimes antes da diplomação do cargo e desconexo a ele".
Na mesma operação, que chegou a bloquear mais de R$ 200 milhões das contas dos investigados, a esposa e o filho de Binho também foram presos. A operação, no entanto, intitulada 'El Patrón', foi anulada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que apontou falhas na investigação.
Em abril do ano passado, em uma outra ação policial, batizada de operação Hybris, a polícia realizou uma investida contra o mesmo grupo miliciano, cumprindo um novo mandado de prisão preventiva contra Mayara. Na ocasião, a Receita Federal detectou movimentações financeiras atípicas por parte dos investigados. Os relatórios foram produzidos em cumprimento à ordem judicial e apontaram "inconsistências fiscais", além da existência de "bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro".
Binho Galinha passou grande parte de sua vida em Feira de Santana, cidade em que chegou a ser preso em 2011. Na ocasião, foi acusado de integrar uma quadrilha responsável por roubos de automóveis e caminhões e foi detido portando uma pistola. Empresário, o deputado estadual é sócio da Tend Tudo desde 2006, um ferro velho que vende peças e acessórios para veículos automotores na cidade.
Foi inclusive do lado de fora de sua empresa que Binho Galinha se cacifou para a política. Durante a pandemia, ele começou a entregar quentinhas para pessoas vulneráveis, até que começou a chamar atenção dos caciques locais e recebeu um convite para concorrer pelo Patriota.
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