TH tinha franquia de loja do clube carioca no Mato Grosso do Sul: 'Volume de dinheiro que circula por ali é incompatível com que uma loja venderia'.
Por Adriana Cruz, Gabriela Moreira e Marco Antônio Martins | g1 Rio e TV Globo
A prisão do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como TH Joias, se deu por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e lavagem de dinheiro.
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Quem é quem na investigação que prendeu TH Joias — Foto: Arte/g1 |
Fuzis, drogas e bazucas antidrones
As investigações apontam que o parlamentar intermediou a venda de dois fuzis por R$ 120 mil para traficantes no ano passado.Ele também é acusado de contrabandear bazucas antidrones — equipamentos usados para anular drones da polícia durante operações em comunidades dominadas por facções.
"O parlamentar estava transparecendo para a sociedade que era preocupado com a segurança pública, mas ao mesmo tempo negociava armas, drogas, importava bazucas antidrones e ainda vazava informações para criminosos”, disse o superintendente da Polícia Federal, Fábio Galvão.
Lavagem de dinheiro
O deputado também é suspeito de lavar dinheiro do tráfico. Para isso, teria usado uma loja de produtos do Flamengo, adquirida por ele em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, segundo a investigação."Ele se utiliza de uma loja, uma franquia, que vende produtos de um clube muito popular, para lavar dinheiro. Há um indicativo concreto de que essa loja é utilizada, porque o volume de dinheiro que circula por ali é incompatível com que uma loja venderia", disse o procurador-geral de Justiça do RJ, Antonio José Campos Moreira.
TH Joias já havia sido investigado antes por lavagem de dinheiro do crime organizado. Segundo a PF, ele usava a produção de joias sob encomenda como fachada para movimentar valores ilícitos.
Somente na parceria com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, apontado como chefe do Comando Vermelho no Complexo do Alemão, o deputado teria movimentado cerca de R$ 9 milhões nos últimos três anos.
Entre os clientes da loja, estavam também agentes públicos. Um dos casos citados pela PF envolve o delegado federal Gustavo Steel, cuja noiva foi fotografada usando um anel vendido pelo parlamentar.
O delegado também foi preso nesta quarta, acusado de receber propina para vazar informações sigilosas a facções criminosas.
Ligação com traficantes
As investigações apontam ainda que o gabinete do deputado era usado para empregar mulheres ligadas a traficantes, como Fernanda Ferreira Castro, mulher de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão – preso na operação de quarta-feira e suspeito de chefiar o tráfico na favela do Lixão, em Duque de Caxias.De acordo com as investigações, o objetivo era melhorar a imagem da mulher nas redes sociais e ajudá-la a criar um álibi caso fosse abordada pela polícia.
Fernanda Ferreira Castro passou oito meses na Alerj como assistente no Departamento de Legislação de Pessoal. O celular de Fernanda foi apreendido pelos agentes.
Fernanda não foi encontrada para comentar o caso.
"Ele empregou a esposa do traficante Índio, na Alerj, como assessora dele. E queria com isso proteger, agradar e proteger o criminoso. Também ofereceu a um traficante, chefe do Complexo do Alemão, o Pezão de colocar a esposa ou um familiar na Assembleia Legislativa. Em determinada passagem ele fala que é bom ela tirar fotos. Ela aparece nas redes sociais como assessora, porque quando tivesse operação na comunidade, ele poderia mostrar para polícia 'olha, eu trabalho, eu trabalho, meu marido é produtor de eventos'. Para apaziguar a situação do esposo", explicou o superintendente da PF.
Preso em condomínio de luxo
Agentes da Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete de TH na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Contra ele também havia ordem de prisão preventiva.Na casa do parlamentar, na Barra da Tijuca, ele não foi encontrado. A prisão aconteceu pouco depois, em um condomínio de luxo no mesmo bairro, onde o deputado se escondia na casa de um amigo.
O que dizem os citados
Nota de TH: "A defesa do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva considera absurdas as acusações que vêm sendo reiteradas contra ele. Trata-se de uma repetição de fatos já explorados anteriormente, em claro movimento de perseguição política a um representante legítimo do povo do Rio de Janeiro. Até o presente momento, a defesa não teve acesso integral aos autos, o que evidencia a violação do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa. Reafirmamos nosso compromisso em esclarecer todos os pontos e demonstrar a total inocência do deputado."O Governo do Rio de Janeiro "esclarece que Alessandro Pitombeira Carracena não é mais servidor do Estado desde janeiro deste ano".
Alerj: “A Alerj tomou conhecimento na data de hoje da expedição de mandados de busca e apreensão em face do Deputado Estadual Thiego Santos, que foram cumpridos em seu gabinete. As diligências foram acompanhadas pela Procuradoria da Casa Legislativa, que prestou apoio às autoridades competentes. A Alerj segue acompanhando o caso.”
MDB: “Diante das notícias de que o deputado suplente TH Joias está sendo procurado pela polícia, com mandado de prisão por suspeita de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de negociar armas para o Comando Vermelho (CV), o MDB decidiu expulsar o parlamentar. TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros.”
O g1 tenta contato com os outros citados.
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