Governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou que estava 'sozinho', em referência à falta de ajuda do governo federal. União argumenta que Forças Armadas só atuam nos estados após pedido de GLO feito e aprovado pelo presidente da República.
Por g1 — Brasília
A megaoperação policial no estado do Rio de Janeiro nesta terça-feira (28), que deixou pelo menos 64 mortos até a última atualização desta reportagem, virou motivo de troca de acusações entre o governo estadual e o governo federal.
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A operação mirou a facção criminosa Comando Vermelho e se tornou a mais letal da história do estado.
O que aconteceu
Em uma entrevista coletiva sobre a operação, o governador Cláudio Castro (RJ) afirmou que estava "sozinho", em referência ao que chamou de falta de ajuda da União.Ele afirmou que, em diversas vezes ao longo do ano, solicitou empréstimos de veículos blindados das Forças Armadas. Segundo Castro, o pedido não foi atendido, porque o governo federal dizia que, para isso, era preciso um decreto da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) por parte da Presidência da República.
Segundo Castro, Lula é contra decretar GLO para as Forças Armadas atuarem nos estados.
“Tivemos pedidos negados 3 vezes: para emprestar o blindado, tinha que ter GLO, e o presidente [Lula] é contra a GLO. Cada dia uma razão para não estar colaborando”, queixou-se Castro.
🔎A GLO é uma operação prevista na Constituição que autoriza o uso das Forças Armadas em ações de segurança pública em situações excepcionais, quando há esgotamento das forças policiais estaduais. Nesses casos, Exército, Marinha e Aeronáutica passam a atuar com poder de polícia, de forma temporária e sob comando do presidente da República, para restabelecer a ordem e proteger pessoas e patrimônios.
A TV Globo teve acesso a ofícios enviados pelo governo estadual ao federal, em 28 de janeiro e que não foram atendidos.
'Não recebi nenhum pedido'
Na tarde desta terça, após as declarações de Castro, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou em entrevista coletiva no Ceará que não recebeu nenhum pedido de GLO por parte do governo do Rio."Não recebi nenhum pedido do governador do Rio de Janeiro, enquanto ministro da Justiça e Segurança Pública, para esta operação, nem ontem, nem hoje, absolutamente nada", afirmou Lewandowski.
Ministério diz que presta apoio
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que mantém a Força Nacional no Rio de Janeiro desde outubro de 2023, com atuação garantida até dezembro de 2025. Segundo o ministério, essa medida pode ser renovada.A Força Nacional é uma tropa formada por agentes de várias corporações, e sua aplicação não precisa de uma GLO.
A pasta também afirma que atendeu a todos os 11 pedidos de renovação da Força Nacional feitos pelo governo do Rio, o que demonstra "total apoio" do governo às forças de segurança estaduais e federais que atuam na capital fluminense.
"As ações coordenadas têm como objetivo fortalecer o combate ao crime organizado, reduzir índices de criminalidade e garantir maior sensação de segurança à população. Com investimentos significativos e esforços contínuos, o MJSP permanece empenhado em assegurar resultados efetivos e contribuir para a preservação da ordem pública no estado do Rio de Janeiro", diz a nota do governo Lula.
Argumento sobre emprego de blindados
Segundo o colunista do g1 Valdo Cruz, assessores diretos do presidente Lula afirmaram que, em nenhum momento, o governador do Rio pediu a decretação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem no estado.O pedido de Castro seria requisito essencial para decretação da GLO e, por consequência, para o emprego de blindados das Forças Armadas.
Telefonema para Gleisi
Ainda de acordo com o blog do Valdo Cruz, Castro ligou para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.Ele disse que em nenhum momento teve a intenção de criticar o presidente Lula.
Segundo apurou o blog, o governador disse que procurou explicar que havia solicitado empréstimo de blindados, mas não teve seus pedidos autorizados por falta de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Em suas redes sociais, a ministra postou que grandes operações de segurança devem ser feitas em conjunto entre governos estaduais e federal, e não por iniciativa única de governos locais.
"Ficou mais uma vez evidente a necessidade de articulação entre forças de segurança no combate ao crime organizado. E o fortalecimento da Polícia Federal e outras forças federais no planejamento e na execução das ações conjuntas, não apenas fornecendo armas, equipamentos e tropas para operações decididas isoladamente por governos locais", escreveu Gleisi.
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