Monica Mendes, mãe de Herus Guimarães Mendes, relatou como vem sendo a vida após a morte do jovem, em junho deste ano, em uma operação do Bope na favela Santo Amaro, na Zona Sul. Corregedoria indiciou dois PMs por homicídio.
Por Henrique Coelho | g1 Rio
Mônica Mendes, mãe de Herus Guimarães Mendes implorou, por transparência nas investigações sobre a morte do filho. O office-boy foi baleado em uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) durante uma festa junina na favela do Santo Amaro. Ela também questinou a nomeação de Aristheu de Goes Lopes, comandante do Bope na ocasião, para o cargo de superintendente de Gestão Integrada da PM.
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Mônica, mãe de Herus, morto em operação do Bope no Santo Amaro — Foto: Reprodução/TV Globo |
Na mesma semana em que a morte de Herus completou três meses, o g1 confirmou que um inquérito policial militar (IPM) da Corregedoria da Polícia Militar indiciou dois policiais pela morte do jovem. O documento já chegou ao Ministério Público junto à Auditoria de Justiça Militar.
"Eu imploro, eu suplico por transparência. Eu só peço que é meu por direito. Transparência no assassinato do meu filho. É só isso que eu quero", disse ela, chorando, em entrevista ao g1.
Mônica lembrou que o jovem não tinha nenhuma passagem pelo crime organizado. "Tentaram acabar com o caráter do meu filho, o qualificando a traficante, vigia. Tudo isso caiu por terra".
Nomeação é 'tiro de fuzil', diz mãe
No dia seguinte à operação, o governador Cláudio Castro (PL) exonerou os comandantes do Bope e do Comando de Operações Especiais (COE) e afastou outros 12 policiais das ruas.
Três meses depois, Aristheu de Goes Lopes, comandante do Bope na ocasião, foi nomeado para o cargo de superintendente de Gestão Integrada da PM. A nomeação aconteceu após o fim do inquérito da Corregedoria.
A mãe de Herus também comentou a nomeação, e argumentou que ela jamais poderia acontecer em pleno andamento das investigações.
"Estou sangrando por dentro. Eu recebo essa nomeação como um tiro de fuzil. É isso que o Estado o governador do Estado está fazendo com os pais do Herus, com o filho dele, o Theo, de 2 anos", disse Mônica.
A mãe do jovem diz que uma das maiores dificuldades dos últimos três meses é conseguir suprir a falta de Herus para o seu neto.
"O Theo teve febre emocional durante dias pela falta do pai. Ele só sabe sentir a falta do Herus. A gente tá tentando preenche".
Como está a investigação
O inquérito policial militar foi enviado para a promotoria do Ministério Público junto à Auditoria de Justiça Militar. O relatório final da investigação da Corregedoria não foi publicado no Boletim Interno da PM.Agora, o MP aguarda a conclusão do inquérito da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e pretende ouvir novas testemunhas esta semana, no âmbito da investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp/MP). Só então o órgão vai decidir se vai apresentar denúncia.
No procedimento interno do Ministério Público, já foram ouvidas cerca de 12 pessoas, entre investigados, testemunhas e familiares, em diligências próprias.
Paralelamente, a Divisão de Evidências Digitais e Tecnologia (DEDIT/MPRJ) finaliza a análise técnica dos dados e registros coletados, incluindo a elaboração de um modelo tridimensional do cenário dos fatos, com base em tecnologia de alta precisão.
PM confirmou disparos
Um dos indiciados pela corregedoria é o sargento Daniel Sousa Silva, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), que confessou na delegacia ter atirado 13 vezes após sua equipe ter sido atacada a tiros por criminosos.Em depoimento na 9ª DP (Catete), o sargento Daniel Sousa da Silva, do Bope, disse que foi o único de sua equipe a realizar disparos, na madrugada de sábado (7), na Rua Marília Toninni, no alto do Morro Santo Amaro.
Ele ressaltou que os tiros foram uma resposta a disparos de traficantes contra a ação policial - contrariando a primeira nota da PM após o fato, que afirmava que os policiais não dispararam naquela noite.
O depoimento foi obtido com exclusividade pelo RJ2, dias após a morte de Herus.
A comunidade recebia uma festa junina tradicional no momento da ação do batalhão e tinha visitantes de outras regiões que participavam do evento.
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