Ruy Ferraz Fontes, assassinado nesta segunda-feira em emboscada, ficou conhecido por sua atuação contra a facção; veja outros casos

Ruy Ferraz Fontes, assassinado nesta segunda-feira em emboscada, ficou conhecido por sua atuação contra a facção; veja outros casos


Por Caio Possati e Marcelo Godoy | O Estado de S.Paulo

Caso seja confirmada a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no assassinato de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral de São Paulo, ocorrido nesta segunda-feira, 15, na Praia Grande (SP), esta seria a terceira “grande vingança” promovida pela facção contra autoridades que combateram o grupo dentro e fora dos presídios.

Ruy Ferraz Fontes, conhecido por sua atuação contra o PCC, foi baleado enquanto saía da sede da prefeitura de Praia Grande, litoral de São Paulo. Foto: Werther Santana/Estadão

A primeira do grupo foi o juiz-corregedor Antônio Machado Dias, assassinado em Presidente Prudente, interior de SP, em março de 2003. Rogerio Jeremia de Simone, integrante da cúpula da facção, foi acusado de ser o mandante do crime.

A segunda vítima “excelente” da facção foi o diretor de presídios José Ismael Pedrosa. Ele era o chefe do Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, quando seis detentos fundaram a facção.

Antes, chefiara a antiga Casa de Detenção do Carandiru, onde, em 2 de outubro de 1992, 111 presos foram massacrados por policiais militares. Este teria sido o motivo de seu assassinato: um ato do PCC para angariar simpatias da chamada massa carcerária.

Ruy Ferraz Fontes foi ex-delegado-geral de São Paulo e ficou conhecido por sua atuação contra o PCC.

Baleado nesta segunda-feira, 15, em uma emboscada enquanto saía da sede da Prefeitura de Praia Grande, Fontes chefiou a Polícia Civil paulista entre 2019 e 2022, após ser nomeado para o cargo de delegado-geral no então governo João Doria (na época, no PSDB).

Em 2006, ele foi o responsável por indiciar toda a cúpula do PCC, inclusive Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, antes de os bandidos serem isolados na penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

Fontes era secretário de Administração Pública de Praia Grande e despachou na prefeitura normalmente. Quinze minutos antes de sair do prédio, conversou por telefone com o procurador de Justiça Márcio Christino. “Fui o último a conversar com ele. Ele não estava fazendo nada ligado à segurança, estava afastado da área”, afirmou o procurador.

De acordo com o procurador, Fontes saiu da prefeitura e foi perseguido por bandidos em uma Hilux. Imagens mostram o momento em que, fugindo da perseguição, ele entra em alta velocidade num cruzamento e é atingido por um ônibus. Seu carro capota e fica “imprensado”. Três bandidos então descem da picape com fuzis e atiraram no delegado, que ainda chegou a reagir.

Para promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo (Gaeco) ouvidos pelo Estadão, “tudo indica que foi um crime de máfia”. Outra hipótese investigada pela polícia é a possibilidade de o crime estar ligado a uma licitação na Prefeitura de Praia Grande que teria prejudicado uma entidade ligada aos criminosos. No começo da noite, um carro suspeito de ter sido usado pelos bandidos foi encontrado em chamas.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que irá dedicar “toda energia” à investigação do crime. “Com pesar, lamentamos profundamente o assassinato de um policial com muitos anos de trabalho dedicados à corporação, que ocupou inclusive seu posto mais elevado. Iremos dedicar toda energia à investigação do crime”, disse em nota.

Ruy, como era conhecido, já havia escapado em outra oportunidade de um plano para assassiná-lo. Ele trabalhava então no 69.º DP, na Cohab Teotônio Vilela. Era 2010. O delegado havia acabado de deixar a Delegacia de Roubo a Bancos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), quando o plano de bandidos ligados ao PCC foi descoberto.

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Grato por sua colaboração.

  1. Quem é responsável pela segurança pública no Estado? É o governador. Se sua política de segurança não é capaz nem de proteger seus delegados, como o cidadão eleitor contribuinte pode se sentir? Seguro? Pense bem na hora de votar e escolher quem é responsável por sua segurança.

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