Proposta foi arquivada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, após enfrentar forte resistência popular; texto passou com folga na Câmara dos Deputados
Por Laura Kotscho | ICL Notícias
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), oficializou o arquivamento da PEC da Blindagem nesta quarta-feira (24). Poucas horas antes, a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado havia rejeitado o projeto por unanimidade.
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Nikolas Ferreira (PL-MG) |
A proposta previa que a investigação de parlamentares por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) só ocorresse mediante um aval do próprio Congresso. O texto passou com folga na Câmara dos Deputados no último dia 16, com 344 votos favoráveis e apenas 133 contrários.
A rejeição popular foi imediata: a PEC recebeu apelidos como “PEC da Bandidagem” e “PEC da Impunidade”. A indignação passou para as ruas, e o povo ocupou as capitais do país neste domingo (21), pedindo o enterramento da proposta. A resposta à força do povo nas ruas também foi rápida: PEC da Bandidagem arquivada pelo Senado.
O ICL Notícias traz uma série para relembrar alguns dos parlamentares que votaram para que esse Projeto de Emenda Constitucional (PEC) passasse na Câmara. O segundo nome dessa lista é o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que durante a votação bradou no microfone: “Sim, queremos ser blindados mesmo!”.
Nikolas Ferreira (PL-MG)
Nikolas Ferreira foi o deputado federal mais votado em 2022, com quase 1,5 milhão de votos. Eleito pelo Partido Liberal (PL), Nikolas já foi condenado por transfobia e danos morais, teve suas redes sociais suspensas por disseminar fake news e está envolvido em diversas polêmicas no Congresso Nacional.No início desse ano, o mineiro de 28 anos foi responsável por um vídeo que continha notícias falsas sobre uma suposta taxação do Pix — método de pagamento popular entre os brasileiros. A gravação rodou as redes sociais e gerou um descontentamento na população contra o governo do presidente Lula (PT).
Mas essa é só mais uma para o histórico do parlamentar. Em 2022, Nikolas chegou a ter seus perfis nas redes sociais suspensos por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao divulgar notícias falsas sobre a auditoria das urnas eletrônicas de modelos anteriores à 2020.
Ainda durante as eleições, ele dobrou a dose. O bolsonarista foi responsável por uma “campanha sistemática de desinformação” para prejudicar a imagem de Fuad Noman (1947–2025), então candidato à reeleição pela prefeitura de Belo Horizonte (MG) e favorecer Engler, que foi o candidato do PL na corrida eleitoral. Nikolas espalhou trechos descontextualizados do livro “Cobiça”, de autoria de Fuad. Hoje, o parlamentar é réu por difamação pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e pode se tornar inelegível.
Os ataques aos colegas parlamentares não param por aí. Em maio deste ano, Nikolas Ferreira foi condenado a pagar R$ 30 mil de danos morais por transfobia contra a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG). O caso aconteceu em 2020, quando Nikolas questionou, durante entrevista, se os documentos da deputada estariam no feminino ou no masculino. Na época, o parlamentar afirmou: “Eu ainda irei chamá-la de ‘ele’. Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”.
Essa não foi a única condenação de Nikolas por danos morais. Em abril deste ano, o bolsonarista foi condenado a pagar R$ 200 mil por dano moral coletivo. O episódio em questão aconteceu no dia 8 de março de 2023 — Dia Internacional da Mulher —, quando o deputado usou seu tempo de fala na tribuna para discursar de peruca, afirmando ser uma mulher transsexual. “Hoje, no Dia Internacional das Mulheres, a esquerda disse que eu não poderia falar, pois eu não estava no meu local de fala. Então, eu solucionei esse problema aqui. Hoje eu me sinto mulher. Deputada Nikole”, disse na data.
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