Parlamentar foi alvo de duas operações nesta quarta — uma cumpre mandados expedidos pela Justiça Federal; outra, pelo Tribunal de Justiça do RJ. Entre 2017 e 2018, ele foi preso por suspeita de subornar policiais e traficar drogas e armas.
Por Adriana Cruz, Gabriela Moreira e Marco Antônio Martins | g1 Rio e TV Globo
Alvo de duas operações, o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, do MDB, foi preso na manhã desta quarta-feira (3) por tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro.
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TH Jóias na época da sua prisão, em 2017; PMs estão sendo investigados por fazer a segurança dele — Foto: Reprodução |
Aos 36 anos, o parlamentar também é investigado por supostamente negociar armas com o Comando Vermelho (CV). A defesa de TH não tinha se manifestado até a última atualização desta reportagem.
Antes de entrar na política, TH ficou famoso ao ver suas peças de ouro e diamantes usadas por jogadores como Neymar, Vini Jr. e Adriano Imperador ou pela cantora Ludmilla.
A história do joalheiro começou no Morro do Fubá, na Zona Norte do Rio, onde nasceu. Lá, TH herdou o ofício de seu pai, Juberto.
Após as aulas, o menino ia para a loja da família em Madureira acompanhar o trabalho do pai como ourives e como administrador do local. Aos 19 anos, o caçula de cinco irmãos herdou o negócio e começou a vender joias.
Ao mesmo tempo em que deslanchava nos negócios, TH apoiava projetos no interior das favelas e patrocinava festas como a do Dia das Crianças em Honório Gurgel. Além disso, usava recursos próprios para financiar atletas e músicos em favelas.
O interesse pela política aconteceu ao conhecer o ex-policial Marcos Falcon, presidente da Portela, que disputava uma vaga como vereador na Câmara do Rio. Falcon foi assassinado dias antes da eleição de 2016.
Entre 2017 e 2018, foi preso após operação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Passou 10 meses na cadeia por suspeita, de acordo com o inquérito, de pagar propina a policiais e vender drogas e armas. Também anteciparia a traficantes de comunidades como Muquiço, Vila Aliança, Serrinha e Complexo da Maré as operações policiais.
Nas investigações da Polícia Civil, TH é apontado como responsável por lavar dinheiro para as facções Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos (ADA).
Essa proximidade com a política levou TH ao MDB. Na eleição de 2022, ele ganhou 15.105 votos. Ficou como suplente e conquistou a vaga na Alerj, em 2024 com o falecimento de Otoni de Paula pai.
Como Rafael Picciani preferiu ficar na Secretaria Estadual de Esporte e Lazer, abriu espaço para o deputado Thiego Santos, que tomou posse após obter um habeas corpus em que garante que responda o processo em liberdade.
Em 2024, à revista Veja, TH se defendeu: "Não tem trânsito em julgado, sou réu primário, ficha limpa".
Atualmente, o deputado presidente a Comissão de Defesa Civil da Alerj, responsável por coordenar ações de prevenção a desastres nas cidades do RJ.
As operações
TH é investigado por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de suspeitas de envolvimento na negociação de armas com o Comando Vermelho (CV).São 2 operações simultâneas, de investigações convergentes. Uma cumpre mandados expedidos pela Justiça Federal; outra, pelo Tribunal de Justiça do RJ.
Ao todo, 18 pessoas eram procuradas em operações simultâneas, e 14 já foram presas.
Presos já identificados
- Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão: apontado como um dos chefes do Comando Vermelho;
- Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, assessor parlamentar de TH.
- Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, deputado estadual.
Para o MPRJ, TH utilizou o mandato para favorecer o Comando Vermelho, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj.
A Alerj penas disse que “prestou apoio às autoridades competentes”. Já o MDB determinou a expulsão do parlamentar dos quadros do partido (leia abaixo).
O que dizem os envolvidos
Nota da Alerj“A Alerj tomou conhecimento na data de hoje da expedição de mandados de busca e apreensão em face do Deputado Estadual Thiego Santos, que foram cumpridos em seu gabinete.
As diligências foram acompanhadas pela Procuradoria da Casa Legislativa, que prestou apoio às autoridades competentes. A Alerj segue acompanhando o caso.”
Nota do MDB
“Diante das notícias de que o deputado suplente TH Joias está sendo procurado pela polícia, com mandado de prisão por suspeita de tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de negociar armas para o Comando Vermelho (CV), o MDB decidiu expulsar o parlamentar.
TH, que já não seguia a orientação partidária em seus posicionamentos e votações na Assembleia Legislativa do Rio, não fará mais parte dos nossos quadros.”
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