Polícia Civil fez uma 'operação emergencial' após suspeita de invasão do Terceiro Comando Puro (TCP) para retomar o Morro dos Macacos do Comando Vermelho (CV). Houve intensos tiroteios, e escolas e unidades de saúde suspenderam atividades.
Por Felipe Freire, Leslie Leitão e Victória Henrique | TV Globo
O homem apontado como um dos chefes do Terceiro Comando Puro (TCP) no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi morto nesta sexta-feira (26) em uma “operação emergencial” da Polícia Civil do Rio. Edmilson Marques de Oliveira, o Cria, tinha ganhado poder na comunidade após a morte de Thiago da Silva Folly, o TH, em maio.
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Alunos e funcionários da Escola Municipal Vereadora Marielle Franco, na Maré, se protegem de tiros no corredor da escola — Foto: Arquivo pessoal |
Segundo a polícia, a ação aconteceu após uma movimentação de traficantes do TCP para invadir o Morro dos Macacos, em Vila Isabel. A facção criminosa queria retomar a área que agora está sob o domínio do Comando Vermelho (CV), diz o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
“Estávamos fazendo um monitoramento de inteligência há cerca de 2 meses. Percebemos uma movimentação atípica", disse o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
Contra Cria, havia três mandados de prisão em aberto. Na última semana, ele apareceu em imagens celebrando uma aliança entre o TCP e a facção Guardiões do Estado (GDE), do Ceará. Nas imagens, ele afirmava que os grupos passariam a atuar juntos contra o Comando Vermelho.
Intensos tiroteios e Linha Amarela interditada
Equipes foram enviadas à Vila do João e à Vila dos Pinheiros, onde houve intensos tiroteios logo após a chegada dos agentes.Durante a manhã, a Linha Amarela foi interditada preventivamente em diferentes momentos entre a Linha Vermelha e a Avenida Brasil. De acordo com o Rio Ônibus, 38 linhas foram impactadas. Criminosos atravessaram caminhões e outros veículos para formar barricadas.
Uma funcionária do Hospital Federal de Bonsucesso que chegava para trabalhar, na manhã desta sexta, foi atingida por estilhaços. Moradores ficaram em casa, e alunos e funcionários da Escola Municipal Vereadora Marielle Franco se abrigaram nos corredores para escapar dos disparos.
A Secretaria Estadual de Educação informou que duas escolas precisaram ser fechadas. Já a rede municipal relatou que os colégios estavam em atividade no momento dos confrontos.
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) recomendou o abono de faltas e a suspensão de provas em seus campi.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que uma unidade de atenção primária interrompeu o atendimento e uma clínica da família suspendeu as atividades externas.
Quem era Cria, chefe do TCP morto na Maré
Segundo investigadores e moradores da comunidade, Cria era temido na região e chegou a cometer homicídios por motivos banais. Ele vinha sendo monitorado havia meses pelas forças de segurança.“Ele matava não só adversários, ele matava moradores, adolescentes, e há relatos inclusive de que ele matou uma pessoa idosa. Ele era conhecido como o homem da guerra e que planejava todas essas guerras por disputa territorial”, afirmou o secretário de Polícia, Felipe Curi.
A ascensão de Cria na Maré foi marcada por episódios de violência, segundo relatos de moradores. Eles afirmam que o traficante mandou executar pessoas na comunidade, o que aumentou o clima de medo e reforçou a rejeição ao seu comando.
Uma das histórias mais citadas por moradores da Maré envolve a morte de um homem que teria derrotado Cria em um jogo de cartas. Após uma discussão, o traficante determinou que ele ficasse em casa, em uma espécie de prisão domiciliar. Dias depois, quando o homem saiu à rua, Cria foi avisado e o executou.
O nome de Cria já aparecia em relatórios de investigações recentes. Em julho de 2024, a Delegacia de Homicídios pediu a prisão dele e de outros 4 traficantes da Maré pela morte de 2 policiais do Bope durante ação, no mês anterior, no Morro do Timbau.
Na ocasião, câmeras registraram a fuga de lideranças armadas do TCP, entre elas Cria, TH e Michel de Souza Malveira, o Bill.
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