Bolsonaro pede que Eduardo 'feche a boca' para não prejudicá-lo, mas filho intensifica ataques

O deputado federal e seu aliado Paulo Figueiredo acreditam que ex-presidente é "refém" sob coação que não está em condições de negociar a própria soltura


Mônica Bergamo | Folha de S.Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu a interlocutores que conversam com seu filho Eduardo Bolsonaro para que ele "feche a boca" e não atrapalhe as negociações políticas em torno da anistia e da redução de penas para o pai.

O ex-presidente Jair Bolsonaro na garagem de sua casa, em Brasília, na semana de seu julgamento pelo STF. Ele ficou por cerca de 25 minutos no local, ao lado do irmão de sua esposa, Eduardo Torres, acenando para fotógrafos e para transeuntes que passavam e o cumprimentavam - Pedro Ladeira/Folhapress

Os dois não podem se falar diretamente, por determinação do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Ambos são investigados no inquérito que apura coação à Justiça desde que Eduardo foi para os EUA advogar por sanções contra o Brasil e os magistrados que julgam o ex-presidente na Corte.

Um dos mensageiros, que deve se encontrar com o deputado federal nos EUA é o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), que visitou Bolsonaro no começo da semana. Ele nega que se reunirá com o parlamentar.

As tentativas até agora foram em vão e só irritaram ainda mais o filho do presidente, que segue no ataque.

Ele diz a interlocutores acreditar firmemente que Bolsonaro não está conseguindo avaliar direito o quadro político por estar hoje na condição de "refém". Ou, como disse seu maior aliado nos EUA, Paulo Figueiredo, "é uma vítima presa, doente e incapaz de decidir", que não pode negociar "os termos da própria soltura".

Eduardo escreveu nesta quinta (25) em seu perfil no X que a "PGR [Procuradoria-Geral da República] me denuncia [por] coação, mas quem está sob coação é o meu pai".

Além de limitado para decidir, Jair Bolsonaro, na visão dele, não estaria percebendo que querem enfiar um acordo goela abaixo de sua garganta, apoiando outro candidato para disputar a Presidência e dando de bandeja ao elegido os votos bolsonaristas - que podem nunca mais voltar para a família.

"Existe um movimento para exterminar com a direita. Quem ignorar isso é um verdadeiro negacionista, apenas um peão no tabuleiro prestes a ser tirado do jogo", afirma.

Nas últimas semanas, o deputado federal partiu para o ataque ao Centrão e até mesmo ao PL, partido dele e do pai.

Se lançou candidato a Presidente da República sem o aval de Bolsonaro, disse que disputará até mesmo contra Tarcísio de Freitas, comemorou as sanções à mulher de Alexandre de Moraes e manteve os ataques ao STF na temperatura máxima, chamando os ministros de "mafiosos".

Em um dos ataques mais virulentos, repostou mensagem crítica ao presidente do PL, Valdemar da Costa Netto, e disse que não tinha abdicado "de tudo"para "trocar afagos mentirosos com víboras"nem se "sujeitar aos esquemas espúrios dos batedores de carteira da ocasião".

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