Situação financeira dos Correios é insustentável a longo prazo, aponta auditoria

Os Correios reportaram um prejuízo de 1,7 bilhão de reais no primeiro trimestre de 2025 e tomaram a aprovaram um calote no pagamento de tributos e obrigações previdenciárias


O Antagonista

Os Correios enfrentam uma crise severa, com prejuízos alarmantes e dificuldades em honrar compromissos financeiros com fornecedores.

Foto: Ricardo Stuckert

Segundo a revista Veja, uma auditoria secreta realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) revelou que a estatal sofre com problemas crônicos de gestão e escassez de investimentos.

Entre novembro de 2019 e novembro de 2023, quase 43% das mais de 5.300 licitações realizadas apresentaram alertas sobre riscos de conluio, contratação de fornecedores com restrições ou licitante único.

A situação se agrava ao constatar que, em 2024, a empresa planeja utilizar parte de uma operação de crédito não para promover investimentos, mas para cobrir seu déficit previdenciário.

Documentos adicionais elaborados pelo TCU destacam as fraquezas e ameaças que comprometem a estabilidade dos Correios.

Permanecer no mercado

O plano estratégico da empresa para o período entre 2023 e 2027 revela que “permanecer no mercado é o desafio estratégico atual da ECT [Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos]”.

Em 2022, a companhia atendeu a 99,7% dos municípios do Brasil e processou diariamente cerca de 11,7 milhões de entregas. Entretanto, em um cenário marcado pela rápida expansão do comércio eletrônico e pela diversificação dos serviços logísticos, os auditores apontam que a estatal apresenta uma cultura digital deficiente e baixa capacidade de adaptação às novas demandas do mercado.

A competição crescente por preços competitivos e prazos reduzidos, junto à entrada de grandes players internacionais no Brasil, tem gerado preocupações sobre a sustentabilidade financeira da empresa.

Atualmente, o setor de encomendas representa pouco mais de 51% do faturamento dos Correios, mas sua participação vem diminuindo continuamente.

Os auditores alertam que essa tendência pode resultar em uma diminuição significativa nas receitas da estatal a longo prazo, comprometendo sua capacidade de oferecer serviços postais universais e sua autonomia em relação ao Tesouro Nacional.

Prejuízo bilionário

Além disso, os Correios reportaram um prejuízo de 1,7 bilhão de reais no primeiro trimestre de 2025 e tomaram a polêmica decisão de aprovar um calote no pagamento de tributos e obrigações previdenciárias que soma cerca de 2,75 bilhões de reais.

Em resposta às adversidades enfrentadas, a estatal divulgou um comunicado afirmando que está implementando um plano bianual para reequilibrar suas finanças.

De acordo com o relatório oficial, os investimentos anuais foram aumentados significativamente — passando de R$ 447 milhões (média entre 2019 e 2022) para mais de R$ 792 milhões em 2023 e 2024.

Além disso, foi estabelecido um compromisso com o governo federal para cortar despesas em R$ 1,5 bilhão até 2025 com o objetivo de tentar restaurar gradualmente o equilíbrio operacional e melhorar os resultados financeiros da empresa nos próximos anos.

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