Declarações de bens e valores dos secretários de Tarcísio, referentes a 2024, foram publicadas no Diário Oficial nesta sexta-feira (22/8)
Valentina Moreira | Metrópoles
A lista de declarações de bens e valores de integrantes do primeiro escalão do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), publicada nesta sexta-feira (22/8), mostra que quatro dos 25 secretários estaduais tiveram um aumento patrimonial superior a 100% na comparação com a declaração referente a 2023, primeiro ano da atual gestão.
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Guilherme Derrite | Fábio Vieira/Metrópoles |
Segundo o governo, a publicação deste ano se refere ao exercício de 2024, com ano-base de 2023. Assim, o patrimônio divulgado em 2023, no início do governo Tarcísio, tem como ano-base 2021. A divulgação anual dos bens das autoridades é exigida por lei. Os patrimônios de Tarcísio e do vice-governador, Felício Ramuth (PSD), ainda não foram publicados — a gestão diz que vai publicar apenas a declaração da “entrada” deles da gestão, em 2023.
No período entre as duas declarações publicadas (2023 e 2025), o patrimônio que mais subiu foi o do secretário da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa — aumento de 592% em valores nominais, sem considerar a inflação. Passou de R$ 956 mil na publicação para R$ 6,6 milhões.
A relação de quem mais teve evolução patrimonial no período segue com a secretária de Comunicação, Laís Vita, com aumento de 333% — de R$ 67 mil para R$ 291 mil —, o secretário da Habitação, Marcelo Branco, com alta de 134% — de R$ 5,26 milhões para R$ 12,3 milhões, e o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, com acréscimo de 107% — de R$ 749 mil para R$ 1,55 milhão.
Recentemente, o Metrópoles revelou que Derrite está construindo uma casa de luxo com custo de ao menos R$ 3 milhões em um condomínio de alto padrão no interior paulista. O terreno do imóvel foi comprado em junho de 2023, após o secretário ter vendido um apartamento na capital, e seu valor corresponde a pelo menos três vezes dos bens declarados por Derrite em 2022, quando ele concorreu à reeleição na Câmara dos Deputados. À época, ele declarou ter um único apartamento avaliado em R$ 454 mil. Na declaração atual, seus bens imóveis somam R$ 880 mil.
Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que “houve uma inconsistência no valor informado como patrimônio inicial do secretário à época de sua posse, em 2023”. Segundo a pasta, “o dado publicado no Diário Oficial não refletia o montante correto, que era de R$ 921,9 mil” e disse que a “correção foi solicitada à Controladoria Geral do Estado e será publicada em breve”.
Segundo a pasta, com a correção, o patrimônio do secretário teve uma variação de R$ 631,2 mil no período e “o crescimento demonstra-se compatível com a renda anual bruta do gestor no período, de R$ 908,4 mil, equivalente a cerca de R$ 69,8 mil mensais”. A SSP afirmou, ainda, que todos os valores estão devidamente declarados à Receita Federal e à Controladoria Geral do Estado”.
Já a assessoria do secretário Marcelo Branco afirmou que “não houve qualquer evolução patrimonial” no período mencionado pela reportagem e enviou uma tabela mostrando que os bens oscilaram de R$ 8,97 milhões em 2022 para R$ 8,74 milhões em 2023.
“As declarações de imposto de renda à Receita Federal dos Exercícios 2022 e 2023 têm praticamente o mesmo valor de bens, com leve redução”, diz a assessoria. “Foram identificados erros nas publicações e as retificações já foram solicitadas. No entanto, não foram publicadas no Diário Oficial até o momento. O secretário Marcelo Branco reforçou o pedido de publicação da retificação à Controladoria Geral do Estado, o que deve ocorrer na próxima edição do Diário Oficial do Estado, na segunda-feira (25/8).”
A assessoria de Marcos da Costa diz que seu patrimônio não apresentou qualquer aumento desde que ele assumiu a pasta, em 2023.
“A informação de que teria ocorrido acréscimo decorre de um equívoco, causado pela utilização de dados patrimoniais referentes ao período anterior à sua posse. Ressalta-se ainda que, ao contrário do que foi divulgado, o patrimônio teve diminuição no período em que ocupa o cargo na Secretaria.”
Por meio de nota, a Secretaria de Comunicação afirma que a reportagem sobre o patrimônio dos secretários estaduais “apresenta informações equivocadas e descontextualizadas, que induzem o leitor ao erro”.
“Apesar da gestão do governador Tarcísio de Freitas ter começado em 2023, a análise publicada considera dados patrimoniais desde 2021, dois anos antes do atual governo, quando os atuais secretários não ocupavam seus postos no governo do estado”, diz a pasta.
“A comparação, por óbvio, é indevida e não tem a relação com a atual gestão, uma vez que usa dados pessoais anteriores. Além disso, a reportagem distorce os fatos ao desprezar fatores que explicam variações patrimoniais legítimas, como quitação de financiamentos, a dissolução de sociedades, a compra e venda de imóveis e outros bens, limitando a análise aos valores nominais das declarações de bens. Ao ignorar esse contexto, omite situações nas quais houve redução do patrimônio declarado”, completa.
Por fim, a secretaria afirma que “conforme determina a legislação vigente, todos os bens dos secretários estaduais estão devidamente informados à Receita Federal e à Controladoria-Geral do Estado”.
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