Medidas de apoio fiscal e de crédito aos setores mais afetados e alguma diversificação de comércio para mercados alternativos poderiam reduzir o impacto na economia do país, diz o banco
Por Aline Bronzati (Broadcast) | O Estado de S.Paulo
NOVA YORK — A confirmação da taxação dos Estados Unidos de 50% ao Brasil com uma lista de 694 exclusões diminui eventual impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do País, avalia o Goldman Sachs.
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Diversificação de comércio para mercados alternativos pode reduzir o impacto do tarifaço na economia brasileira, diz o banco Goldman Sachs |
O banco americano calcula que o efeito negativo líquido no crescimento da economia brasileira pode ser de cerca de 0,25 ponto porcentual, em um cenário que não considera uma retaliação significativa por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Antes, o Goldman projetava algo entre 0,3 p.p. e 0,4 p.p.
“Medidas de apoio fiscal e de crédito aos setores mais afetados e alguma diversificação de comércio para mercados alternativos poderiam reduzir o impacto na atividade real devido às tarifas de importação mais altas dos EUA”, diz o diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório a clientes.
Nesse cenário, o banco americano manteve a sua projeção de crescimento de 2,3% do PIB brasileiro para 2025. Do impacto esperado com o tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, cerca de 0,1 p.p. já estava contabilizado em seu cenário base, afirma.
“Não estamos revisando nossas previsões de crescimento, dada a incerteza inerente em torno das tarifas que o Brasil enfrentará e o fato de que o risco em torno de nossa previsão de crescimento real do PIB de 2,3% para 2025 está inclinado para o lado positivo”, explica Ramos.
O Goldman Sachs calcula que as isenções listadas na ordem executiva, assinada nesta quarta-feira, 30, por Trump, reduzem o aumento esperado na taxa efetiva dos EUA sobre todas as importações brasileiras em 6 p.p., para 30,8%. Nesse cenário, o banco diz que considera “futuras tarifas setoriais adicionais”. Antes das exclusões, o Goldman projetava uma tarifa efetiva de 35,5%.
O economista alerta, porém, que uma retaliação por parte do governo Lula ao tarifaço de Trump geraria um “impacto negativo maior na atividade brasileira e na inflação”. Além disso, exportações de serviços poderiam ser mais afetadas que de bens, prevê.
Na visão do Goldman Sachs, o governo Lula demonstrou nos últimos dias tanto uma predisposição para negociar quanto para retaliar, enquanto avalia medidas de apoio aos setores mais afetados.
“No entanto, as autoridades brasileiras não têm sido particularmente proativas em se engajar com as autoridades dos EUA e não está claro o que estão trazendo para a mesa de negociações para, por exemplo, abrir o mercado interno”, conclui Ramos.
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